quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

vôos de unir regiões - corujinhas macramé

Seguimos todas numa formação em ‘V’ para a cidade do pó de serra… portal da amazônia… casa no mapa… outra face do mesmo Brasil. (2009)
 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

erva molhada

somar a quantidade de sóis
olhar crepúsculos irmanados
sem que haja a prece
de olhos desejando
a próxima cuia

também voei

Corujinha  Agora estou nas mãos

de uma desenhista, estilista

modelista, modista…

Tantas imagens ela cria!

Em que caminhos passarei?!?!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

procurando espaço vazio

Pouco me atrai o que posso fazer dentro de uma sala fechado e em frente a uma tela iluminada piscando luzes que repetem insistentemente falsos elogios a minha capacidade e falsas promessas a minha existência. Assim estava a TV despejando bobagens nível dez no meio da tarde quando resolvi trocar de tela iluminada e criar minhas próprias besteiras. Então cheguei aqui e comecei a rabiscar… Ops! Manias de quem aprendeu a escrever com lápis… Quis dizer digitar, ainda que isto também soe como algo antigo, pois seria mais acertado para o meio e para o tempo histórico dizer que comecei a teclar… Ou isto só é válido para quando estamos conectados interagindo com outras pessoas?

Deixa pra lá… vou cozinhar…

voar, voar…

IMG_1087 aqui pertinho

de onde nasci

encontrei um colo

para passear

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

TV

estou enjoado de assistir TV, mesmo assistindo a cada dois meses...

pragmatismo

adicionei inescrupulosamente uma vastidão de muros

todos altos largos e encravados profundamente

para assim isolar tudo o que está para além do meu alcance

no infinito espaço lúdico que trago na alma

detalhes de algumas de nós

IMG_1074sou mesmo pequenina
n.01 **
IMG_1080 meu olho vê pelo nó do bambú
n.02 **
IMG_1093 
brotando…
escrevendo em símbolos sem significado…
n.02 **
IMG_1081 era rolha, virou cortiça, um bambuzinho incrustado virou olho e noutro pendurei, mais dois azuis amarrados e me formei
n.04 **
IMG_1088 laranja que fica de amostra assim o vermelho não encarna
n.03 **
IMG_1095 sol não sol não sol não sol não sol não sol n…
n.05 **
IMG_1097 com estes olhos em vidro, criados lá da casa da alfândega pela Fátima, me fiz mais em nós que em cores
n.06 **
IMG_1073  assim são meus detalhes, com uma missanga em madeira, no plexo solar
n.06 **
IMG_1085  n.07 **
Corujinhas arcoíris (37) inserir n.07 IMG_1104  n.07 ** Corujinhas - arcoíris (2) n.07
** fotos: Carlos Hirschmann Almeida

contato

 IMG_1102 IMG_1103

fotos: Carlos H Almeida

voamos - corujinhas macrame

IMG_1087 vou passear, ver, procurar
foto: Carlos H Almeida
Corujinhas Web (29) - conjunto
vamos observar

Ano de 2009


Peças de 4 cm de corpo e 3 a 5cm de cauda.

traduzindo os termos

coruja em: italiano = civetta, espanhol = lechuza, inglês = owl, alemão = eule, francês = hibou, catalão = òliba, árabe = البومة, chinês = 猫头鹰, búlgaro = бухал, croata/tcheco = sova, polones = sowa, grego = κουκουβάγια, hebraico = ינשוף, japonês = フクロウ, norueguês = ugle, sueco = uggla

artesanato em: italiano = artigianato, espanhol = artesanía, inglês = crafts, alemão = handwerk, francês = artisanat, árabe = الحرف

proporção é tamanho - corujinhas macrame - 2009

veja bem… se me penduras ao pescoço ou se te seguro a chave se me agarro ao zíper da bolsa ou guardo a porta de entrada quase me disfarço
IMG_1066a
foto: Carlos H Almeida - 2009
Peças de 4 cm de corpo e 3 a 5cm de cauda.

o calor do aço

um pirógrafo gentilmente emprestado pelo amigo Géferson faz nas corujinhas os detalhes e nas lâminas de caixa de fósforo alguns adornos

 Pirógrafo (2) Pirógrafo (3) Pirógrafo do Geferson

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

verde e semente / azul sereno







 Coruja Web (31) a inserir
nos
olhos
duas
lágrimas
em
semente





Coruja Web (32) a inserirum
tanto
curiosa
e
nada
intrometida

há par de tudo…

IMG_1126

flores espalhadas pelos montes

garapuvus semeando flores

corujinhas se entreolham

quase espelhadas

e pousam

IMG_1118 IMG_1120 IMG_1123 

fotos: Carlos H Almeida

terça-feira, 3 de novembro de 2009

cor e base

091101O fim da trade, dito crepúsculo, alaranjando o céu e acalmando o dia, destaca o trinado dos passarinhos, aviva os muitos verdes de cada uma das muitas árvores… e o da erva mate que repousa na cuia.

Porém algumas cores, quando as vejo de perto, me parecem um tanto com o cimento; afinal se fixam rápido e amadurecem com o tempo. Então os olhos se acostumam e elas se transformam no painel que sustenta a paisagem.

 

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

chocando

A corujinha nascendo A corujinha nascendo (2)





Para que produzam de si o que delas se quer, precisam primeiro nascer. Elas se fazem e usam mãos que conduzem dobras que lhes dão formato. São peças e para tanto crescem da matéria para a forma, em berços, muitos, de muitas mãos, de muitos lugares e, neste caso, deste lugar mão berço meu.

semântica em curitiba

Corujinhas

tem trinco que não trinca e redundância que não repete o que lhe dá origem e remete, pois significado não se atrela necessariamente ao que lhe dá o título… e assim ela nasceu na praia e se lançou ao planalto onde abunda a vida em forma outra que não a marítma porém tão rica quanto o pinhão que brota da araucária. boas mãos lhe conduzem pela porta.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

juntando fios

Anos atrás, na escola, quando o artesanato era para mim um tanto distante, aprendi, por escolha entre outras, esta técnica de tecer com as mãos…

…e ao sabor dos dias junto um fio que tem cor forte com outro que suaviza, uno um que se esconde com outro que grita, deixo que sobretons se separem e, sem saber no começo o humor do final, leio as tramas construídas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

perfeição

passarinho
milhões de cores
limoeiro
passarinho
milhões de sons
limoeiro
ao lado da janela

A Modernidade é Antiga

Esse tal de amor moderno reinventando o amor romântico parece mais um saco de pequenos frutos mal escolhidos em um pé viçoso. A qualidade do sentimento guardado no pé independe das relações entre ele e aquele que come a fruta. A quantidade de colhedores também e igualmente não altera a essência do que o pé traz em si desde semente.

Aprender com o ato diferente de cada um que apanha as frutas ou as cata quando já bem maduras traz ao pé apenas o que ele desenvolveu em capacidade de se relacionar com o que produz.

Os catadores são os mesmos. O pé é o mesmo. O sentimento é o mesmo.

Os pensamentos são frutos do vento.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O que se verá por cá?

Macramê(é)



Cá está um pouco que se verá.

Viste !?

- é que passô que daqui a quase nadica d’nada ali juntinho bem pertinho du olho meu, éh… e se fez-se de não te vi!

- tátátá!!!

- ai não é? éh…

- tátátá!!!

- ai ai ai que um dia se me disfaço… bate coração neste peito miudinho de tão apertadinho o coitadinho que é!

- tátá(ploft)… ai!

Homenagem aos muitos que sussuram em letras

Ah! Esta mente minha que só por vezes silencia. Aquietasse um tanto mais e vez por outra poderia ler coisas. É sim… ler coisas dos outros. Assim faria desta que me é e por vezes mente uma caixa e não um acende e apaga quase ininterrupto e binário. Bom mesmo é quando ela silencia e leio coisas… dos outros. São momentos mágicos em que me assisto e admiro a queima de fogos que comemora minha mais límpida e tranquila insignificância.

há um passo…

todos estão melhor
aprendem mais e sabem mais a cada dia
um dia eu aprenderia.
todos estão bem
descobrem e entendem mais a cada dia
eu descobriria.
todos estão à frente
percebem e compreendem mais a cada dia
eu perceberia.
todos estão.
eu estaria…

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

completa, mesmo que não inteira

quero-te com todas as tuas vidas
todos teus amores, tuas decepções
com todas tuas viagens e tuas paixões
com todas tuas memórias e saudades
todas tuas experiências e abstinências
quero-te com todas as tuas ausências

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

persistir inclemente

Existir pela força que emana do sonho é, para o enluarado, elixir de permanência no catre do querer.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

tato sutil

ela… aproxima-se serena… ultrapassa limites e defesas… faz sua poltrona para espreitar…

a sutileza lhe pertence… a beleza lhe acompanha… a inteligência lhe privilegia… a firmeza lhe sustenta…

e dá… para surpresa do incauto… uma palmadinha… na ponta dos dedos...

sucumbência

olhaste hoje para outros olhos
com o domínio da paixão a te arregalar as pupilas
e fizestes que em mim calasse o peito
sem que as cinzas do que sinto somassem menos que minha existência.
assim penso em te dizer todas minhas falas
que anos antes de ti venho amadurecendo
para ser alguém que te faça brilho ao ver
ou um que se desfaça em gostos para te apetecer.
quero mais do que sou para tua existência
ser tudo que pudera preencher o que tens de vazio
nada menos que toda a tua grandeza.
assim não me julgues incapaz de sentir o que sinto
nem capaz de tolir qualquer que seja o sentido teu
pois amo cada gesto que de ti parte.
apenas saiba que as regras que me valem viver
se anulam com teus movimentos excêntricos do meu ego
inflamado por um dia ter absorvido teu desejo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

noutro sábado sozinho…

Vai terminando o inverno e meu dias continuam cheios de vento. Casa 090606 (23)Segue assim a elevação da temperatura pelo recorrente mutar das estações e chego ao alto verão apenas com vazios mais longos, pois…
…estou como quem vive num free shop. Tenho ‘n’ possibilidades. Mas quem vive num free shop enjoa rápido do que é fútil, não tem dinheiro para o queCasa 090606 (16) dura muito e quer o que não tem lá dentro. Pleno de incertezas, a meu modo, estou quase feliz. Afinal e como sempre ‘é pra semana’ que devo ter novidades, se não tiver, conto com as antigas.
É esta a ópera retumbante em minha cachola.
Ar que se movimenta é que faz vento, então Casa 090606meu pensamento corre para o futuro e busca nova fonte. Crer no efêmero continua a proposta metafísica mais  real do presente. É o que me levará até o domingo num adormecer sem muita alegria, mas também sem dor, perda ou tristeza. Tantos sábados ainda terei para encher pulmões e soprar inspirações. Venham.

regressões em projeções

ontem fui procurar um futuro.
queria algo que me alcance.
para tanto fiz o imprevisto.
transportei-me para hoje.
aqui procuro o que, ontem, era.
trouxe a certeza de pertencer.
sou do que não possuo, mas quero.
irei para o amanhã de hoje.
é o futuro do ontem em que estou.
verei no passado o hoje que visito.
mais dois dias vistos num só.
reina a ausência do que não encontro.
insiste a vontade nos passos.

Perdas

De todas as perdas - que tive
As perdas mais temporonas
Resultaram mais perdas minhas
Que perdas do que perdi
Quando era cedo em minha vida
O que se ia causava estranhamento
Este desconhecido ‘onde’ - que iam
Me consternava dos que tinham ido
Ao tempo que passa por mim
Dedico mais tempo a cada dia
Estranho demais minhas perdas
Aos que perco já nunca soube onde iam
Pensar no vazio relutante
Completa o caminho estancado
Reflete a infância perdida
Sublima o que havia sonhado

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Existe!?

É possível seja certo e dispenso esforço,
fosse de outra maneira meu saber assim não seria.
Cada tempo vivido mostrou momentos com sonho,
ninho, alimento e esperança no afã de conhecer a face deste clamor.
Buscando passo na vontade de caminhar
fiz parada em mãos suaves e seios de vida e brilho.
Conto seguir pelo que creio exista.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Confissão

do Ariano Suassuna, na peça ‘O Auto da Compadecida’…

“…posso lhe confessar que, desde que lhe conheço, vivo doido pra morrer e só não morro porque vivo pensando na senhora…”

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É possível que este tipo de entrega seja mesmo um artigo amarelado, largado n’algum depósito de obsolescências, visto como arcaico; pode que esteja em desuso, faça menos sentido a cada avanço humano consigo mesmo.

É possível também que um desembaraçar-se de si, neste tamanho, ainda traga mais do que sofrer; aparece alguma ponta por aí, e ela vende um sonho.

Vou guardando estas epopéias, mas faço guarda delas em gavetas próximas da mão, ainda estão longe, em mim, de irem para o porão.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Olhos de amêndoas

é… ontem já passou
ontem sim
mas hoje te vi aqui
o que escrevi ontem tá lá
grudado no tempo
o de hoje tá aqui
colado na retina
vai dia
vem ano
uma hora destas
os tempos todos se encontram
e ontem vira agora
junto com o hoje

que seja outro discurso de espera, por ser mais do que discurso

…assim a decisão, esta que dispara como interrogação do teu olhar para o meu, neste momento que já nos fizemos tão distantes, esta segue como são todas as grandes, generalizando aquilo que vemos naqueles que como nós, se afligem. Tenha em ti apenas que, certo como as outras que são de todos, esta que aqui está também possui em si, para que surta efeito o decidido, um porção de portões pesados, pontes elevadiças, caminhos sem ladrilhos, espinhos recurvados para que se evite ou ultrapasse. Difere para teu intento, se decidir seguir nesta direção, o trabalho que tenho me esforçado em te deixar pronto, e que faço sem cobro abrindo-te os portões, baixando as pontes, emparelhando caminhos e colhendo espinhos. Mesmo sem avistar tua figura no caminho, saúdo todos os dias a réstia de sol que teima iluminar esta trilha que mais me leva do que te traz. Se quiseres lutas homéricas, se isto te apraz, diga-me e devolvo cada um dos obstáculos, conforme te soar melhor. Caso contrário te restam, das pequenas portas que ainda se fecham, apenas as taramelas e uma ou outra chave que pedindo dou-te uma a uma. Ainda que pareçam barreiras ou obstáculos de valorização, estas últimas passagens estão aqui apenas para dar graça a tua chegada. Espero mesmo que venhas, onde quer que estejas.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hipócritas!?

Onde estão eles?
Serão um bando inútil de canalhas que vivem do que cobram pela desgraça? Fosse pela fortuna dos que se curam e não estariam escondidos.
Fazem cobro espúrio e individual pela ‘vida’ de um moribundo e por isso lhes cheira melhor a pandemia? Fosse pela condição de trabalhar melhor e adquirir mais ciência e as casas próprias não teriam mais pompa e circunstância que os hospitais.
Têm eles que fugir da praça onde deveriam montar bancada de exames e bradar com viva-voz orientações à população sobre esta, mais esta, doença infame? Fosse pelo risco do contágio e teriam eles desenvolvido meios de se previnir, medicar, cuidar, mas não de fugir.
Médicos são comerciantes? Fosse de outra forma haveria primeiro a necessidade humana de condição digna e a contrapartida de se formarem primordialmente em faculdades públicas onde a população paga adiantado a formação do ‘doutor’.Imaginem se bombeiros se recusassem a apagar fogo de prédio ou nadar em água de enchente.
Covardes!? Aldrabões!?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Einsteineidades

…e ao sentir o eco do que passava silente na memória, quando revivi algumas turbulências, percebi que à vista e colorida havia ficado intocável há tempo e noutro lugar... e lembrava cheiros que um dia colaram cantos subcutâneos... e assim soube que a lembrança é sinal de que algum andar em frente me deixou com a mão distante dos cabelos que já pentearam meus dedos... e tentando sintonizar meus sentidos caminho até o chuveiro... e me entregarei ao banho que agora deixará o corpo sem manchas, sem marcas, sem cheiros e gostos que não sejam aqueles que dos sonhos nascem... e estarei alguns minutos fora do espaço e dentro do tempo… e em ambos os tempos.

sábado, 1 de agosto de 2009

colorido ‘ma non tropo’

Subi a trilha que levava ao buraco enorme no chão de pedra e mato. Um buraco enorme no cimo de um morro é mesmo grande. A maneira mais fácil que encontrei de subir um morro sem ter problemas com a altura.

Lá embaixo do morro, no lugar mais fundo do buraco e quase tão escuro como um quarto sem janelas, vi minha sombra. Sem luz para iluminar as paredes o que vi foi meu contorno parecer sombra.

Sentei diante de mim mesmo refletido e colorido em tons de cinza. Tons que se formaram pelos inúmeros pontos de luz para trás dos meus olhos. Luz apagando e reforçando diferentes espaços da minha sombra.

Sorri as cores branca do céu do buraco e negra do abaixo de meus pés. Saí do buraco e voltei para a mesma altura no sopé do morro. As cores, enfim, sempre estiveram nos meus olhos.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

entre os passos de acordei e dormi

Tarde como manhã sem sol levando o dia sem luz.

Fui a pé pelo sereno e do centro cheguei ao bairro.

No caminho a passo ido só o espaço foi achado.

Caminhei para ver conseguido buscar na mente um atalho.

Sobrevivi serenado de água e ficou pensado um retalho.

Noite feita sem lua ou estrela trazendo dia sem aurora.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eliminar o quê?

Um conjunto de pessoas acredita piamente que se a pobreza for eliminada o mundo será mais justo.
Será que temos mesmo problemas que são causados pela pobreza?
As fontes de materiais que podem nos tornar ricos, é finita.
O valor que atribuímos às coisas é infinito.
Estará na riqueza a fonte da feiúra da pobreza?

sábado, 11 de julho de 2009

Contam as fadas

A madrugada se estende
colorida pela aurora que
em tempo chegará na luz-sabor
de recheio chocolate

E teus cabelos que encurtaram
com o tempo que apurou teu gosto
serão a base para as tranças
de farol em lamparina

Descer até o suspiro que ecoa
e de minha alma trina querer a busca
faz da Rapunzel do vale vislumbrado
meu horizonte em teu chamado

Acredita neste crer e querer
que na torre de nossas almas nasce
e transborda tranças pela janela de nossas faces
com o brilho dos teus olhos

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ler ou observar?

Li de um anônimo o seguinte: “Os que lêem sabem muito, mas os que observam sabem muito mais.”
Sem autor citado, talvez a idéia tenha surgido de uma reflexão individual, de um exercício de raciocínio, da audição de alguns discursos que se somaram, da paciente observação da natureza… E isto é imaginação, conhecimento adquirido pelo estudo ou é observação de fato??
Prática e teoria continuam entendidas como forças que se confrontam. Parece que o embate é verdadeiramente entre práticos e teóricos. Isto me parece praticamente uma teoria.
Será que falta ao conhecedor que aprende pela observação olhar com menos preconceito para o que lê? Será que falta humildade ao pesquisador acadêmico?

domingo, 5 de julho de 2009

movimento transitório

preciso respirar

para do passo que dou

em toda busca de horizonte

a vida seja mais que um aceno

e a subida ao éden

seja um vislumbre

sem que seja para já um fato

 

Fonte de inspiração para o texto:

do Ariano Suassuna na peça O Auto da Compadecida: “…cumpriu sua sentença, encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação, que iguala tudo que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo, morre.”

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Está guardada no paiol

Parecia apenas uma atitude non sense usar tanto a minha pá, valer-se da existência dela e alternar sua valia como se ela nada fosse. Espreitei muitas vezes aquelas chegadas disfarçadas dos que se pintavam como quem estava passando. Já sem pedir vinham, pegavam, usavam e nem limpavam. Tantas vezes largaram por qualquer lado, atiraram de um jeito qualquer e usaram sem pudor. Fizeram porque dei aceite dos momentos ímpares, por saber que lhes via graça, por querer lhes ver sem encalhes.

O uso das coisas lhes dá vida e alimenta a vontade de cuidar, mas vai dia trás um d’outro e há abuso que cansa; como este de deixar a ferramenta pronta a qualquer hora. Haveria, talvez, de receber alguma atenção para animar a manutenção das ferramentas. É dura a prontidão que demanda permanecer atento nas horas todas sem descanso da vista ou desvio da atenção quando é unilateral a valorização.

Bom tempo em que não pedi moedas como aluguel e segui sem reclames da partilha vendo poesia em poder auxiliar na empreita no esperançoso sentido de ser útil e não uso. Mas agora guardo a pá pronta para mim. Quando alguém encalhar no caminho que me peça. Não faço mais oferta antecipada. Guardei no paiol. Acho que peguei gosto e valor na ferramenta.

Se houver quem se deixe perceber que respeitar limitações é uma boa vênia, talvez enxergue valor na compreensão de receber sem exaurir. É a menor distância entre minha mão e a chave do paiol.

Moedas estrangeiras

Passei bons dias sem me passar nada. Moedas estrangeiras nos seus devidos lugares propiciaram estas minhas férias.

Quando penso no que ouço ou vejo, sinto dor. Minha cabeça que fora acostumada e treinada para enxergar movimento, pujança, avanço ou até desenvolvimento faz das tripas o coração para encontrar o que procura. Porém este meu coração idelizador de estados perfeitos insiste que nada avançou na economia. De fato nada que represente algum adianto de uma casta que soma mais indíviduos porém menos cédulas. Os de menos dinheiro parecem insistir em devolver os trocados que ganham para os que não precisam deles. E esses não precisam nem dos trocados nem dos que se amarrotam por eles.

Moedas estrangeiras são passionais e mudam sempre do mesmo jeito. Gosto delas. Facilitam as férias da mente.

Guardar armas

Fazia as vontades das suas fraquezas, despejando muito suor e muita imagem a cada feito. Corria entre os dias levando ao peito o distintivo da fome de quem quer tudo o que vê. Apresentava-se aureolada com a impassividade de quem crê lutar pelo que vai transformar o cosmo. Era uma pessoa comum.

Agarrado ao seu calcanhar, dando pouco vulto da presença, seguia com ela um monstro. E ele crescia com o sangue que lhe sugava. As armas do predador eram aquelas que a presa utilizava para seus intentos, sem saber ao certo de onde vinham.

Quando a vítima se propunha arrancar o monstro de seu calcanhar, usava das ferramentas criadas por ele. Assim é que ele crescia, pois seu desenvolvimento carecia de importância. Quando esquecia do que lhe era externo e lembrava-se de respirar, suas forças pareciam infinitas e as do algoz sucumbiam.

Vida difícil para quem ao se debater alimenta o monstro que o devora. Vida tensa para quem assiste.

domingo, 7 de junho de 2009

Terceiro tempo

Gostei de ver o desespero velado para largarem a teta.

Quando os cães eram pequeninos, agarravam-se à teta desta grande cadela quase infinita de leite. E bebiam com tanto medo de que a teta secasse que quase mataram a cadela com as feridas que lhe faziam a cada mordida impiedosa.

Da outra vez que vieram mamar, perceberam que não era preciso pressa. Havia e há muito leite, desde que a cadela seja mantida viva. E então pensaram que poderiam atá-la no pátio das suas casas para mamar sempre que quisessem.

Alguns ainda crêem que é possível ficar eternamente agarrado à teta. Mas os que mamaram mais, os que já estão mais fortes, estes perceberam que é perigoso adonar-se eternamente do leite. Mamar em demasia deixa o cão gordo e preguiçoso, um prato cheio para cães famintos.

sábado, 23 de maio de 2009

Combustível auto-renovável e auto-inflamante

- Hoje durmo cedo! Amanhã é dia de novamente sair para enfrentar o Sistema…
?Será mesmo assim?
Parece que vamos deitar tarde e após horas desperdiçadas em polêmicas infindas. Sofismar para própria consciência. Convencer-se de que a luta é parte da batalha e que é pura ilusão querer resultado, mudança, quebra de sentido, alteração de modo. Acreditar que o dito Sistema pode ser vencido com as próprias armas. Imaginar que após a contribuição que reforça o opositor, com as sobras se pode fazer o embate. Concluir que o Sistema não começa dentro de cada um de nós.
?Será mesmo assim?
Todos reduzidos ao título de ‘trabalhador’. Onde estão os ofícios, as artes. Dizer-se Soldador é se saber um artífice, um conhecedor, um fazedor de algo. Dizer-se Motorista segue o mesmo caminho. Igualar ambos ao mesmo título de trabalhador é tirar o que de valor tem cada um e que está no conhecimento apreendido; soa como reduzir o indivíduo à sua serventia. Não trato apenas dos significados; falo da classificação através de um termo que se faz de atributo para um grupo demasiadamente grande. Aceitar-se simplificado pode ser o primeiro passo para o não enfrentamento e a aceitação das regras.
Se saio com a idéia de trabalho, talvez sirva para alimentar o Sistema. Se sou finito em mim, não o sou quando gero outro capaz de ser alimento. Me auto-renovo.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Estou sempre atrasado, mas os jornais também

Reparei que as notícias dos grandes jornais são sempre sobre fatos irreversíveis. Essa prática de anunciar o que já não tem volta não seria melhor para livros de história? Pergunto porque imaginei que jornais teriam também a utilidade de anunciar com estardalhaço ações que estão em processo.
Como exemplo utilizo o anúncio de que o governo ampliou o valor e a quantidade de trabalhadores que receberão o seguro-desemprego. Será que o governo fez isso como quem faz um repente? Uma medida que envolve tanto dinheiro e tanta gente não apareceu nos jornais antes de ser efetivada. Será que ficaram com medo de uma aceleração muito grande da economia?
Quando assuntos de interesse de muita gente com pouco poder de decisão são tratados por pouca gente com muito poder de mando, o tratamento recebido concentra-se nos meios de pequena circulação. Difícil encontrar um veículo poderoso de comunicação, como os jornais de televisão, tratando pelo menos com títulos chamativos estes temas.
É tão confuso entender estes mecanismos que eu já nem sei se é muita lentidão da mídia, se a produção de safadezas tem ritmo acelerado, ou se podemos somar os dois motivos. Talvez seja somente imaginação…

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Teoria remota

A inconsciência que me guia, principalmente quando a ação do meu consciente não intimida meu saber oculto utilizando máscaras do que quero ser, faz com que minha sina seja exatamente a estrada que por escolha da razão consciente eu não pisaria. Provavelmente o medo de não mais existir é que alimenta minha devoção ao saber aparente. Se for possível aumentar minha dependência do conhecimento além da aparência, talvez possa diminuir minha dependência da racionalização lenta das escolhas com conceitos aparentes. Assim poderia dar melhor proveito ao consciente, retirando-o do direcionamento exclusivo e primeiro das escolhas e tratando-o como guia de adequação do conhecimento intuitivo.

Estou sempre atrasado, mas o governo também

Nosso presidente disse que os empresários estão tirando proveito da situação. Ele nos estimula perceber que as empresas optaram por diminuir os produtos em estoque quando da baixa anunciada de impostos para estímulo da economia. O governo tinha em mente que com a baixa os trabalhadores não seriam demitidos e, até possivelmente, contratados.
Nosso modelo de gestão do capital é baseado numa economia livre. O investidor quer lucro. Os empresários querem ganhar dinheiro. A carga tributária é elevada, pior ainda pelo serviço prestado à sociedade. É claro que um dono de empresa brasileiro primeiro vai garantir seu negócio, depois seu lucro, depois sua continuidade, depois a distribuição dos lucros para os sócios e investidores, depois a boa relação com os bancos para depois, ufa, pensar em funcionários.
Nós somos um país que possui uma cultura empresarial de especulação, de exaustão de recursos, de gestão amadora. O melhor que pode acontecer conosco é perceber nosso amadorismo e buscar mais prudência com os empreendimentos. Os empresários devem se dar conta que o dinheiro da empresa não é seu. O dinheiro que entra é primeiro para pagar as contas como salários, fornecedores, impostos e só no final de alguns períodos, geralmente de um ano, as sobras são dos proprietários. Para nossos empresários os Funcionários são uma Despesa. Despesas aqui no Brasil são amadoramente motivo somente para corte.
Se o governo não sabe disto, se não conhece a classe empresarial, que tipo de política aplica. Será que são tão inocentes assim?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

ser chato é uma arte

Há tanto tempo de dedicação de corpo e alma no desenvolvimento de um estado definitivo que estou no cume daquilo que posso nomear como monotonia monocórdia monológica. Por isso começo este texto com uma das coisas mais chatas que desenvolvi que é a autodescrição a partir de um momento individual e que aliás é um dos motes prefridos dos tratados de auto-ajuda.
Se fosse fácil fazer de um ser dinâmico um ser inerte, ou de um arco-íris um muro cinza, não precisaria passar pelo incômodo de encontrar tantos sorridentes pelo caminho vangloriando-se e tentando vender seu estado pra frente e feliz. Os espíritos elevados resolvidos e alegres deveriam prestar mais atenção a monotonia monocórdia monológica. Acontece que para quem é resolvido, segundo os manuais de ajuda per si, todas as cores e até a ausência delas contêm beleza. Se a chatice te incomoda tanto, talvez seja melhor cuidar de alguma falsa alegria instalada no rosto.
Assim termino sem muito desenvolvimento. Afinal o objetivo pensado desta fala gráfica já foi atingido com a manifestação crítica de um humor atarracado e de senho em riste.

Uma casa feita de pensamento

Palha, madeira, alvenaria… tantos materiais! Nobres, comuns, frágeis, sólidos, belos, insossos e tudo que se possa ver é o que se nota na superfície deles. No cerne ou centro de cada estrutura há muito que se diga. Miolo mole, centro oco, rigidez ou flexibilidade apartam grupos de coisas. Possuir abrigo é uma tarefa para melhorar a sobrevivência. Construir casa para ser uma morada ao longo do tempo é uma arte, uma luta, uma necessidade, uma descoberta, um sonho, uma obrigação ou o que se quiser cobrar deste objeto.
Aí é que intriga o material. Me parece pertinente avaliar o pensamento como excelente materia-prima de construção. Pensada a morada, com suas fixações ou portabilidade, sua rigidez ou flexibilidade, seu grande tamanho ou maneabilidade mais o terreno e a vista e a contrução está praticamente fadada ao sucesso. O pensamento precede muitos atos e talvez também seja determinante nas estruturas pela sua qualidade como princípio do que há.
Como ficará a casa que estou construindo? Preciso pensar bem.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

pró-forma feliz

Nos dias que seguiram, pelas prédicas que haviam, singrei a única via que vi. Com a falsa parcimônia escolhida para escudo e escondendo a limítrofe vontade de implodir num fulminante apagar-se fiz um passeio pelo cascalho novo e pontiagudo que ladrilhava o caminho. Pisei sem lembrar o couro que servia como único solado sob meus pés.

Assomado de desditos íntimos que colhiam decretos de não faça segui desenvolto de dores com o fim primeiro de ganhar cadência na caminhada. A patrulha das minhas verdades quase descarrilhou a falsa coragem colhida para ser o combustível da viagem.

Visto que um aceite valida no mínimo a discussão de um contrato, rubriquei um recibo de vá em frente. O sorriso comprado com o movimento acendeu a foto antecipada de um momentâneo fazer-se feliz.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Gripe econômico-individual

A contaminação – Se dá pelo nascimento do indivíduo como cidadão. A partir do momento que o ser até então humano recebe uma identificação econômico-governamental, o contato direto com qualquer sistema econômico torna-se dispensável. O contágio nos casos de isolamento de indivíduos identificados se dá pela sua participação em listas ou estatísticas.
A doença – Dá ao número-pessoa uma possibilidade maior de sobrevivência. Este fato inicial acontece porque o ser antes natural já não representará riscos através do desconhecimento da sua existência para o meio econômico-global. A seguir, através de peneiras sucessivas e incesssantes, os número-pessoas são descartados por não contribuirem para o status quo, ou alimentados para participar das seleções de resistência até que poucos representem o símbolo econômico-ideal. Por ser um vírus instalado há muito tempo, a doença só se extingue através da deleção do número-pessoa. O maior risco identificado até agora é a extinção dos indivíduos naturais através da contaminação incontrolável dos número-pessoas.
A diagnose – Quase podemos afirmar que esta crise é só uma gripe do grupo senso-comum e do tipo econômico-individual que por séculos é mal tratada. Os sintomas para a identificação são a utilização do ícone bode-expiatório, a preservação dos símbolos econômico-ideal e a verborragia sobre as possibilidades de utilização do mesmo sistema.
Não é possível afirmar que a cura não seja possível através da extinção do sistema econômico-global como referência e a utilização de outros conceitos como primeira conduta.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A identidade reflete a realidade

Em 2010 saberemos como é nascer americano. Finalmente nosso país se consolidará como a maior potência da américa do sul e uma das maiores do hemisfério sul. Nosso presidente será mundialmente reconhecido como o representante da nova ordem social. Teremos uma mulher eleita para presidir o país a partir de 2011. Nossos vizinhos fornecerão a mão-de-obra barata suficiente para que possamos circular mais pelas nossas belezas naturais.
Os brasileiros farão pouco caso de países com escassez de riquezas como petróleo, minerais, madeira e água. A realeza dos burgos estabelecidos pelo mundo todo pagará fortunas para beber água de côco em algumas de nossas praias. A pobreza da nossa vida receberá um toque mais pitoresco, transformando favelas em comunidades típicas, com culturas tribais de raízes culturais diversas. Nosso comportamento, nossa poesia, nossa música e nossa alegria receberão uma belíssima padronização, a fim de não confundir nossa diversidade com desorganização.
Quando o calendário marcar o ano de 2020, sem que tenhamos percebido, já não seremos o Brasil que hoje não conhecemos.

Totalmente utilizado

Meus dentes cairão. Serei um homem que consome sopas e cremes. Se chegar à plena realização, será assim. Sem dentes darei meu mais prazeroso sorriso.

Quanta alegria se conseguir perdê-los todos sem esforço para que caiam. Ah! Um caminhão cheio de moedas não pagaria um dos dentes. E no açoite sem dor de cada perda, um ganho contado na decrescência. Do cem ao um faz mais sentido contar.

Quando chegar ao começo abrirei meu pote de gotas de vida entalhadas na feitura dos dias e gravadas em cada memória colhida. Enfim serei a minha soma.

domingo, 3 de maio de 2009

Andando

Nos passos que de fato dou
Na vida que de fato sou
Naquilo que fiz me saber
Nos dias que alguém quis ouvir

Com as cores do que fui e vi
Supondo o seguir ser uma estrada
Sou uma esperança que anda
E disso nisso vivo

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Diagnóstico

Vez por outra cometo um insanidade
Por transformar em versos o que me cala
Com o desejo de beber nos olhos da verdade
O desenho de um beijo surpreendido em meio a sala

Nesses vôos sinto o frio da altura e o toque da claridade
Pois sou alma que do corpo só não leva a fala
Vejo quem anda feliz pelo seio da cidade
E busco teu viver para em ti sonha-la

Vala comum

Primeiro de Maio e Dia do Trabalhador são como juntar num mesmo balde o trabalho e a dor. Sem delongas e análises profundas creio que posso fazer deste comentário o balde que mistura o homem e o açoite.

Se fosse possível para quem emprega fazer produção com o labuteiro, a briga pela excelência em manufatura nos transformaria em máquinas automáticas. Se não somos mais robotizados é porque esta é uma limitação humana. Sob altas pressões quebramos e exigimos manutenção cara. Sem contar que o acúmulo de mão-de-obra junta muita sujeira.

Ou alteramos a forma de fazer o que precisamos para viver bem suprimindo a dor de fazer o que supostamente é bom através da produção em excesso, ou morreremos sem saber que como animais isto que temporalizamos não pode se chamar de vida.

Não quero cair na vala comum de confundir a prazerosa ação de fazer coisas, que é dignificante, com a lamuriosa pecha de nomear exploração e alienação como trabalho.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Boiada rebelde

Durante esta semana teremos a prosperidade em todas as áreas. Aqui no Brasil é assim. Vez por outra tudo avança rapidamente. E estamos num momento epetacular.
Historicamente o ser humano demonstra sua capacidade incrível de evolução quando tem todas as condições necessárias ao fracasso. A julgar pela baixa qualidade dos nossos pensamentos nestes dias, não há melhor hora. Acordamos pensando em como tirar vantagem de alguém ao chegar primeiro ao banheiro. Vamos para o congresso à procura de um novo conchavo. Jogamos futebol com a atenção voltada para comprovação de alguma superioridade sobre os que usam outro distintivo na camiseta, ainda que seja uma ‘pelada’ apenas. Compramos sabendo que estão cobrando menos do que custaria para limpar todo o lixo produzido com o que nos vendem e depois nos culpam pelo lixo. Vamos trabalhar com a intenção de fazer menos do que aceitamos receber pelo trabalho, ou para subjugar os outros contratados a mais do que nos admitimos.
A conjugação de fatores que nos levam a inumanidade está quase no ápice de decadência. Tão poucos são os que agem sem dar atenção exagerada a aceitação global, que cada vez mais nos parecemos com uma boiada. Só há uma explicação mais ou menos aceitável. Em breve sofreremos um colapso. E provavelmente será o de identidade.
Com tanto egoísmo nas ações é possível que algum esperto enxergue sobre as cabeças baixadas. Com tanto igualdade na estupidez é possível que esta se torne absurdamente clara e identificável. Como tudo que é complexo oferece resposta simples, é posível que a massa identifique o engano. Ato reflexo e a boiada se separa, derruba cercas, cria novos rebanhos e come novos capins. Tudo em uma semana.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vou me endividar

A nova notícia de que as perdas no mundo com a crise possam ser da ordem de quatro trilhões de dólares, sem que eu sequer me levantasse, fez com que as moedas que guardo derretessem em meu bolso. Eu que pensei que cinco moedas de um real mais uma de vinte e cinco centavos poderiam representar algum dinheiro.

Se foram perdidos quatro trilhões de dólares, só pela perda, eu, que me sabia pobre, perdi a chance de viver de renda, se soubesse o rico que era.

Que grande sacanagem esta! Me tomaram até o que eu não sabia que tinha. Que grande maldade fizeram comigo! Estou emprestando o que não tenho para pagar o que tinha e não gastei. Que grande besteira fiz quando paguei ao banco aquilo que não devia. Que bela besta me saí!

Procuro agência de finanças que me financie um banco. Garanto o pagamento com todo o dinheiro que me for emprestado. Bom, quase todo…

Mornostonia

Quanta sorte têm eles
Que de sorrir se servem de si
E se vêem importantes nas desimportâncias
Ou fazem dar de ombros aos feitos seus

Quanta sorte têm eles
Que de chorar se servem de si
E se vêem desimportantes nas importâncias
Ou fazem dar de ombros aos sonhos seus

Quanta sorte têm eles
Aquecem e esfriam
Não amornam
Feito eu

domingo, 19 de abril de 2009

Francisco de Assis

De tão famoso virou santo e assim ele já não é, ele São. Pobreza foi seu voto, dizem. Voto e pobreza tem ligação mesmo unilateral. Alguns dizem o voto e muitos aceitam a pobreza. Mas política não é interessante, além de ser suja. E não adianta reclamar, a política é suja sim, afinal é feita por políticos e eles são sujos. Portanto volto para a pobreza do Francisco, o que é São.

Disse a igreja, a que fez dele santo, que a escolha de São Francisco, chamada voto, foi mesmo a de pobreza e que ele que era rico deixou tudo para trás quando abandonou a casa do pai e ainda saiu caminhando pelado. Rebeldinho o Chico, falo assim porque não to falando do santo. Assim ele, pelo que se sabe, herdaria muito dinheiro e propriedades, o que o faria supostamente rico, mas preferiu renegar todos os bens materiais, o que o deixou pobre.

Primeiro me parece ridículo aceitar que a igreja não conte a história ao contrário, dizendo que ele era pobre, pois seu coração não pertencia a Cristo e, depois que aceitou Jesus, ficou rico por ser e aceitar ser filho de Deus, que sabemos que é o dono de tudo.

A dor com que contam esta história de um jovem abandonar o dinheiro, para abraçar a vida sem este atrapalho, faz pensar que a materialidade é o principal. Deveriam contar que escolhemos o material quando nos damos conta que nossos pais e nossa comunidade nos criou tão vazios que não seríamos quase nada, não fosse algum casaco ‘da onda’ ou uma sapatilha da moda. Por isso não vemos a riqueza do Francisco, o famoso de Assis.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Argamassa não é concreto

Pensar dói, mas não machuca.

Perca o medo da dor.

Segue o ciclo que segues.

Segue o ciclo que segues para que tua próxima ação seja menos influenciada pelas escolhas equivocadas que te fazem alimentar o ciclo que segues. Tua inação por alguns momentos é que pode impedir a alimentação do ciclo. Conseguindo momentos para não alimentar o ciclo você consegue em primeiro momento diminuir a força do que te persegue. O ciclo perseguidor passa aos poucos a ser um ciclo menos imponente enquanto o teu ciclo individual passa a ganhar força. À medida que você aumenta a resistência para a perseguição e ganha mais tempo para inação que interrompe momentaneamento o ciclo que te persegue é que tua importância cria novas escolhas reais e próprias. As tuas escolhas alimentam a construção de independências em cadeia fazendo com que o ciclo perseguidor encolha suas induções e outras pessoas inativem ações por pequenos tempos. Esta soma silenciosa encolhe e desnorteia o ciclo. O ciclo ao longo do tempo percebe que pode ser inativado a qualquer momento pois há um número não conectado de pessoas e que portanto não obedecem a comandos em massa e que têm na soma a força suficiente para interromper a perseguição. O ciclo passa a servir. A sequência tende a ser a soma dos possíveis de cada escolha individual e não o resumo das escolhas do ciclo perseguidor.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Regras na segunda-feira

As regras que sigo seguem as regras que dito.

Pelas manhãs de segunda-feira, todas elas, sem que seja necessário acordar plenamente, nem que a espera pelo café da manhã traga uma mesa posta, as regras que me imponho seguir, seguem me impondo ações. E seria muito fácil alterar este inesgotável momento filosófico das manhãs de segunda se meu aceite virasse uma negação.

Se para negar há o risco de não haver o próximo café da manhã, há também para o assentimento inconteste a certeza de que alguém não terá café da manhã nunca mais. A luta então passa a ser de garantir que o café perdido seja o do estrangeiro e, quando o dele já não houver, que seja o do vizinho e por aí se chega em casa e a escolha dói mais.

Estas regras que aceito alimentam outras regras que me serão impostas. De tal modo que alimento meu próprio tolimento. Preciso parar pelo menos alguns minutos por dia e quebrar pelo menos uma regra geral a cada dia. Pequenas paradas e regras de menor valor, é claro. Não consigo explicar a idéia, porém não consigo negar o sentimento de que estou mordendo o próprio dedo a cada manhã.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Acordar

Em dias como hoje o sol é tão bonito que se torna impossível pintar a manhã de cinza. O céu escancara sua janela azul sobre a cabeça e algumas nuves pintam o que poderia ser monótono. É pecado trancar as portas do coração quando a natureza apresenta estes traços. O ar chacoalha-se entre ventos e brisas lembrando em sopros, mais ou menos intensos, o quanto é leve o tempo que passa.

Para além de todo quadro algumas águas encontram refúgio na areia. Contam que, lá do fundo do mar, trouxeram algas mínimas para os peixes da beira. A claridade deixa que a luz vinda de cima encontre aquele mundão de areia que nunca vai embora e enfeita o caminho das ondas. É no pensamento que esta praia toma forma enquanto os olhos se entregam ao amanhecer na minúscula janela do meu quarto.

Amém.

Descabido

Vejo um sorriso abrir-te a fronte, serenar teu rosto, brilhar teus olhos.
Volto a mim, extasiado, descabido de tudo, sereno misturado ao próprio sereno. 
Difícil te encontrar.
Dissimula-tes entre os espaços de cada letra. 
Surpreendente como um bombom a se saber o recheio.

Colando meu corpo no teu, como enamorado que sou, ardo.
Colando teu corpo no meu, como enamorado que sou, viajo.
Colados nossos corpos, em ascendente calor, resulto soberbo.

Haverá entre nós, em tempo, menor espaço que nosso suor.
Haverá entre nós, em tempo, maior espaço que nossa soma.
Houve entre nós, em tempo, o guardar da semente.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Vou reclamar meus direitos de consumidor

Vou pedir meu dinheiro de volta. Que venha sem as taxas e os impostos. Podem ficar com os juros do período e nem é preciso corrigir monetariamente. Tanto gasto para tão pouco!

O caso é o do nascimento. Pouco antes dele, a bem de dizer a verdade. Tenho a impressão de que me venderam um show pirotécnico. Aqui não tenho visto nem pisca-piscas, quanto mais fogos de artifício. A festa prometida só acontece onde não estou. Quando o bom é o boom de algum investimento, ninguém me conta. Quando o boom de um investimento não é bom, eu é que pago a conta. Se tivessem dito que seria assim, capaz que eu tivesse nascido. Esperava a próxima geração chegar.

Se houver outra vez, não venho. Caso me convidem para entrar neste parque novamente, não entro. Isto parece condomínio construído com areia de praia e cobrado com fatura de cimento puro.

Me devolvam o dinheiro. Vou comprar as entradas para a vida no Éden. Mas quero a parte do planalto. Dizem que lá tem menos festa, porém, tem mais sossego. Vi uma plaquinha indicativa estes dias. Será mesmo que a bilheteria é no Senado?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pela manutenção do poder de sentir é que se vai ao longe de manter o que já não haveria de haver na esperança de que novamente haja quando houver o novo ou mesmo o antigo havido.

Vai a vida buscar o dia em que findará meu sonho
De um dia renascer com a tua sede em mim
Com todas as vozes que souberem chamar teu nome
Somadas a todas as forças de espalhar ao vento os sussurros
Ratificando este labutar infindo e crente e gerùndio
Inscrito no diário acordar com a alegria de conhecer-te
Pela manutenção do sorriso que inunda minha vida
Assistido com a memória viva de ter ouvido tua voz à minha beira
Crescente a cada toque do sol de aurora e crespúsculo
Aquecendo meu querer seguir a vida com mais olhos e ouvidos
Para refazer a alegria sentida no último sorriso teu em meu rosto
Apertado pelos teus braços que diziam gosto de ti hoje
Gravada na descoberta de um abraço desejado a distância
Quando ainda havia sabor carregado em tua mala de partidas
Acompanhado pelo semovente querer abandonado
Com pedidos de me salve se houver mais em ti do que em mim
Em que tua imagem gravará o último quadro de lembrança
No finito e particular instante em que deixamos de ser
Provendo o sorriso que sepultará meu corpo
Com todas as memórias da felicidade vivida
Na prova de viver de um que amou até morrer.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Vítima com cara de otário

É um desafio pensar em como isolar malfeitores físicos da sociedade e adequar a punição. Recuperar a vida de quem foi morto não é possível, talvez por isto se faça tanto para recuperar os agressores.

Porém me incomoda o tratamento desumano para as pessoas próximas das vítimas. Além da falta imposta por um sistema já cruel de sociedade, há ainda a insegurança gerada pela nossa inabilidade para proteger quem se sente ameaçado e apoiar na luta contra o pânico pela perda de um próximo. Parece que nos esquecemos que criminosos também tentam se proteger. Quando um assassino é encontrado sua primeira vontade é matar também quem pode acusá-lo, processá-lo, levá-lo a cadeia. E aí os parentes estão sem apoio. Já o assassino tem inúmeras prerrogativas. A balança parece pender.

As entidades que protegem criminosos na condição de humanos precisam se livrar de conceitos falsos de bondade. O apoio psicológico e emocional deveria ser investido nas vítimas e seus próximos em primeiro lugar. O desespero e a angústia, vigiados, são agentes de revisão para qualquer pessoa. Tirar de um criminoso esta possibilidade é encarecer uma readequação com remédios que faltam a quem luta diariamente para não sucumbir ao desrespeito dos direitos fundamentais. É preciso mostrar aos criminosos que existe uma sociedade que cuida de quem luta para ser respeitoso ao convívio. Mostrar que conforto não vale qualquer coisa, que status é um lixo comprado em qualquer banquinha de contrabando.

Aliás, também é desumano o tratamento com as vítimas. O estado sinaliza com a prerrogativa de inocente para aquele que é bandido. O inocente deve provar que assim é antes de ser atendido num grito de socorro. Hoje parece mais comum que sejamos tratados como otários quando somos vitimados.

É vergonhoso que seja assim. É assustador que sejamos o estado.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Independente

Fosse mesmo necessária tua presença

Esta absurda contagem de dias

Neste insano contole das horas

Teria apagado teu espaço

Fosse mesmo ausente tua memória

Esta absurda contagem dos dias

Neste insano controle das horas

Seria o oco e o interregno laço

PAC

Quem só pisa no acelerador, esquece as curvas. Este sentimento que vivemos e dita a aceleração, empolgação, feitura, desembaraço, avanço, crescimento e tudo que implica constância nestes movimentos, nos leva a destinos que não temos tempo de imaginar. A contemplação de um estado alcançado, em um determinado momento, bem como a constatação dos rumos implicados com as etapas alcançadas, dá maior poder e conhecimento para determinar passos menos agressivos e mais construtivos nos processos evolutivos.

A especulação é uma moeda eufórica com seu lançamento e sem lastro para aceitação imediata. Valorizar uma previsão é um risco sem cálculo. Quando fazemos isto nos colocamos numa área de risco que nem sempre podemos suportar. Se nosso capital é comprometido perigosamente em uma possibilidade imaginada nossa sorte pode se transformar em azar. Arriscar um pouco do que temos, de forma que a perda do valor arriscado não comprometa a regularidade já tão frágil das nossas vidas, é um exercício natural do capitalismo. A medida do exagero é uma especulação, uma probabilidade. Há tempo para que se arrisque e temo para que se guarde.

É notório saber que no Brasil alcançamos alguma segurança econômica nos últimos anos. Foram os brasileiros que se instalaram nesta terra os constutores desta estabilidade. Após centenas de anos, conseguimos que o governo não atrapalhasse tanto. Parece que agora nosso governo resolveu investir pesado em um programa de aceleração. Geralmente, aqui e em qualquer parte do mundo, a política se move primeiro por interesses particulares e, por último, também por interesses particulares.

Espero que este pé que acelera tenha um cérebro que veja curvas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A força

A agressividade entre as árvores tem atingido altos picos de destruição na biomassa. Galhos mortos são encontrados diariamente a muitos quilometros de onde foram arrancados. A probabilidade maior, até agora apurada, aponta para ocultação das amputações. Nada explica este comportamento já que as mudas de todas as plantas estão acostumadas com a violência e acreditam nela como um defeito inevitável, quando não se manifestam insensíveis a esta característica vegetal. Provavelmente vítimas da agressões com que árvores vizinhas se tratam, os passarinhos estão cada vez mais chocando menos ovos .

Quando veicularem este tipo de notícia teremos certeza de que já não existimos. Pintado o quadro agora, segundo se diz que as coisas se fazem quando se pensa nelas, me assusto imaginando que posso já não ser eu aqui, mas apenas a minha existência imaginada. Parece que isto vale também para o caso de nada ter acontecido ainda. Se o possível da inexistência for de fato inevitável, ser ou não ser já não é mais uma questão. Alguém poderia pisar um pouquinho no freio. Talvez seja possível corrigir um pouco a rota. Isto de se fazer enquanto se faz é algo que não me convence.

A força dos choques humanos resulta diretamente no impulso de seguir o caminho que seguia antes do impacto. É rezar para que o rumo não seja o precipício.

terça-feira, 10 de março de 2009

Você está mais velha.

Dá para notar Noto em tua face que você envelheceu. Não haviam rugas assim quando nos conhecemos. Nem E não faz tanto tempo assim que te vi pela primeira vez. Teu Um rosto estava desprotegido naquele dia. Sim, algum recado estava escondido nele, talvez guardado por momentos em que juntou um tanto de água nas mãos e refrescou a pele. Algum Um cuidado disfarçado aconteceu antes da minha chegada.

A porta estava aberta e você encostada no caixilho. A cabeça levemente abaixada, os braços cruzados, as pernas comprimindo o ventre., a A pessoa fechada. A curiosidade muitas vezes nos diz mais do que tentamos esconder. Havia em ti um medo absurdo de que eu pudesse invadir teu espaço reservado para o sonho. Um pedaço de adolescência teimava em te entregar para o desconhecido com a coragem que só uma adolescente tem.

Agora você é dona de algumas rugas que já não somem com um creme qualquer. Teus seios tem mais movimento. Tuas ancas começam a pesar. Teu bumbum fica mais alto quando uma calça ou uma meia forte alteram o desenho natural. Tua barriga continua mostrando a pele lisa inclusive no leve contorno que forma.

Acompanhar o tempo construindo que constrói em teu corpo cada capítulo desta existência, amar o capricho com que te preparas para a maturidade, admitir teu caminho único nas marcas que te enfeitam, continua a ser meu grande desejo antropológico.

Salário é alimento, negar é desumano.

Disseram que há crise na Lagoa. A da Conceição, que fica no meio da ilha de santa catarina. Como este pedaço de chão não me diz sem que eu saiba geologia, como é que se formou, não digo que ela foi cavada, nem que seja pelo tempo, pois pode que seja resultado de ajuntamento de terras como muros, deixando um buraco para juntar água no meio.

Sálário atrasado de funcionário quando o verão não acabou, é conta que lugar de turismo nem em sonho haveria de fazer. E quanto mais num momento em que até o carnaval já passou, situação que sugere que as burras do empresários devem ter muita carga de moedas.

O que poderá então ser o motivador de falta de pagamento por serviço prestado, sem fazer grande alarde com isto, parece ser uma boa pergunta. E não sobra muito para dizer considerando que, em primeiro lugar, o Brasil gerou muita riqueza nos últimos anos, então os cofres deveriam ter reservas; em segundo lugar o verão já deu o grosso do dinheiro que dá por estas terras; em terceiro lugar os empresários não arriscariam perder funcionários nos próximos anos, ou ter que contratar incompetentes e desonestos por ser fazerem agora eles de safados. Mata de fome quem te serve e logo te faltará quem te traga comida à boca.

Parece que a crise na Lagoa é uma mania de reclames na pior linha do senso comum em que o ser humano se comporta como ser bovino.

domingo, 8 de março de 2009

Vale criar um ídolo de muitos?

É possível que alguém faça diferença na história humana? Se um indivíduo for de fato um entre vários, se de verdade se constitui ímpar entre muitos, será possível que se torne um ponto de referência no tempo? Parece que não.
Hoje havia um bom grupo de pessoas dentro da água. O mar rebolava em ritmo de samba-canção e o grupo se favoreceu das possibilidades de nadar, boiar, caminhar, mergulhar e se abstrair num mundo de pouco perigo. Regime mais democrático que este eu duvido que haja. Onde se reúnem banhistas e há espaço para todos, a educação é um detalhe que se observa na areia, na calçada, ou na rua avistada de dentro do mar.
Lá, neste parque aquático natural e livre, o mais possível de influência que alguém pode repercutir é provavelmente o de afogamento. Para que um ser apenas, motivado em alterar este arranjo das coisas, consiga fazer diferença, de forma tal que, considerado por todos, o diferente seja histórico, é necessário muito apoio e no mínimo auxílios indiretos. Pode que se faça algo incrível e histórico numa tarde na praia, pode que o fato se ligue a alguém. Parece-me que atibuir a façanha a uma única pessoa é um engano. Mais provável é admitir que um alguém seja utilizado como um símbolo ou marca para a lembrança.
Atos individuais poderiam deixar de ser critério para homenagens e premiações vindas do coletivo.

Pontes

Embora saibamos que o fim existe, há sempre um mote guardado à procura de vaga entre as falas para dizer que o bem persiste. Um traço de azul quase nunca se apaga no céu e exige muito esforço das nuvens para que não se mostre. A distância encurtada ou alongada processa a vida com seus sabores ou memórias. Existir a história primeiro e a geografia depois é uma regra. Só existe onde se algo há ou houve. As páginas escritas são a água ou o fogo do quanto se dista. Bom lembrar encurta lonjuras e o inverso vê-se.

Há guardado em mim o que de ti sobrou quando fizemos a vida sem polêmica e atravessamos parte da terra caminhando de mãos dadas. Nos olhos que viajam juntos encontra-se a mesma admiração para qualquer paisagem. O tempo cuida para que, no dia em que já não exista, apareçam os quadros antes mirados. As imagens impressas contam o que cada um olhava. Pelos passos que damos chacoalha-se a peneira dos resumos. A memória, afinal, é implacável.

Suspende-se a voz por um momento em busca de se reconhecer. Saber o que de melhor soube é quase imperativo. Sabores se gravam melhor quando identificados com semblantes. Mesmo assim compreender quem lá estava é desnecessário. Quem está naquela geografia tem seu estar gravado pelo existir inequívoco.

As travessas lançadas entre as margens do passado e do futuro, aquelas todas que alcançaram os dois pontos, constroem as pontes que sustentam o ser que agora atravessa. O ser identificado com a ponte, cada ponte, segue seu caminho para uma das margens ou desaparece com aquela que rui.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Euroexcêntrico

Pensar nosso país a partir do conhecimento trazido da europa é um disparate. Temos que admitir de uma vez por todas que a comunidade européia, de forma individual ou somando-se nos países que a compõe, possui quando muito conhecimento suficiente para enfrentar seus próprios dilemas. Entender-se como uma sociedade onde os seres que a formam, afora seus poderes diferentes de consumo, são merecedores dos mesmos direitos à vida, quer tenham nascido na Áustria ou na África, já é muito que pedir a um europeu.

O que me atravanca seguir numa linha curva e disforme de pensamento em direção a  unidade que faria da humanidade um grupo digno do nome, é a percepção de que, para que isto seja verdadeiro, cada grupo suficientemente diferente deve primeiro encontrar-se em si e conforme os seus conceitos.

Nós aqui no Brasil não temos a mínima idéia de quem somos pela forma que nos pensamos. O melhor que chegamos de definição, vêm da europa, do pensamento eurocêntrico como dizem os europensadores baseados nos euroconceitos. Nossos pensadores bebem lá os conceitos que aplicam para explicar isso aqui.

Parece-me que nos vemos ainda isto e não estes. Ou seremos o isto daquilo? Ou não é assim que se pensa? Eita nó!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Porquê o movimento humano também é um negócio?

Por toda a cidade passam a caminhar sem que o trabalho seja o horizonte. Por quase todas as praias e muito pelo centro urbano, há quem observe os que chegam, passam, seguem, sonham parar, gostam, tiram fotos... Florianópolis é uma cidade turística e se for vista em um catálogo, é mais uma entre tantas opções.

Quanto tempo foi gasto para que cada um dos que por cá atravessam pudessem por cá passar? É indiferente saber se podem se demorar mais do que um dia na cidade. Já não se conhece aquele que vem, conta-se nos grupos segmentados que cruzam este espaço no verão. São estatística, quase todos. Porém de lá de onde vieram poderia fazer diferença o tempo gasto, ou consumido por cada viajante. Se para cá vieram é de crer que para lá eles estão a faltar, se não não falta também a riqueza que trazem. Será que um pouco do que levam quando produzem coisas que aqui são consumidas está no bolso deles? Seremos nós que os consumimos?

O vai e vém de todos que vamos e viemos gera mais do que transformações nos ambientes habitados fugaz ou perenemente. Nossa imagem gera novos espaços por onde passamos. Dificilmente não somos percebidos. Qualquer um que se movimente é um ponto de referência. Qualquer direção que escolhemos é uma possibilidade aberta para quem observa. Parece que os trânsitos livres são agências de fomento da curiosidade e moeda forte para o desenvolvimento humano. Será a troca avalorada o combustível para o trânsito livre?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Menos um

Acordar e o sol não veio
Faço meus votos para o dia
Levanto para urinar
Sento e olho o fogo sob a chaleira

Almoçar e o sol não veio
Faço meus pedidos para o dia
Encosto para cochilar
Levanto e assisto a luz do quarto acesa

Jantar e o sol não veio
Faço meus agradecimentos para o dia
Deito para fugir
Saio de mim e apago a lua

Querem tomar meu leite

Bem pertinho dos dez por cento. Isso mesmo, quase a décima parte de uma renda inteira só para acessar a internet. Essa assinatura para mobilidade que tanto falam parece mais um engôdo. O custo para oferecer este tipo de serviço é diluído entre milhões de usuários no Brasil. Tem quem diga que aqui é até barato. Nem que a vaca faça bola de chiclete estes cinquenta reais para acessar a internet deixa de ser caro.
Custando um real e trinta centavos, mais cá menos lá, o litro do leite chega bem tratado sobre a mesa do trabalhador médio. Com mais um real e trinta é capaz de chegarem mais quatro pãezinhos. Se for um casal só de eles mesmo, com cerca de quatro reais o café da manhã segura bem a fome até o lanche daz dez e com um pouco de boa vontade se chega bem ao meio-dia. Em trinta dias do mês deu cento e vinte, na pilha dos reais, o custo de comer cedo. Basta repetir a economia nas três principais refeições do dia e o mês fecha em trezentos e sessenta reais de bóia. Junta um gás de quarenta reais mais o desconto na folha e o salário deu tamanho.
A informação é que pode mudar isto. Água, luz, telefone, estudos, remédios, prestação da casa, roupas, passeio no final de semana, corte de cabelo, esmalte de unha, móveis, eletrodomésticos... o governo já dá mesmo!?
O negócio é vender mais dez por cento da força ganha com o leite e os pãezinhos.

Inerências retóricas

escrito e dinâmico * A razão é a busca dela. Está sempre entre seu impulso e sua descoberta. ..............................