Nesses meus anos por aqui, nesse universo pequeno que vai do alcance das vistas até o ar que vira vento em meus pulmões, compreender o que é esse diuturno existir me desocupa o tempo vago. Singular como o coletivo, às vezes paro e penso, esse exercício não remunerado que motiva... cheguei a crer, talvez outra vez comum como todo ser saindo do verde sem saber se apodrece antes de estar maduro, que os motivos em ação cobririam esse estar com tempo e espaço num acidental existir.
Motivações para viver são fáceis de encontrar, existem a cada farfalhar ou cheiro de rosa, surgem mesmo quando queremos ser cinzas. Então, no rascunhar da minha tese, a motivação correu logo para o capítulo dos complementos cotidianos, importantes é claro, deixando vaga a enciclopédia que expande a compreensão, humana, do exercício existir. Vontade, desejo, ambição, perversão, fraqueza, covardia, amor, medo, paixão, tesão, desespero, inspiração, transpiração, carinho, caridade, compaixão... e quase todo um dicionário pode ser citado como termo motivador. Até vendedores de carnê usam eles. Indubitável companheira do viver, da angústia por hoje não digo, paro nesta linha em que a cito. As motivações são amorais, grafando de outra forma, servem morais de qualquer ordem. Porém, existir é transitar entre esses conceitos com algo que os precede, sucede, incorpora, sublima. Há algo puro.
Um dia relendo rabiscos entre o papéis amassados dos conselhos sem destino certo, encontrei uma biblioteca de uma fala só. Foi a palavra mais forte que bebi em toda existência, inclusive a dos imaginários lidos. Entusiasmo. Anotado em rodapé lia-se: Alimenta-se da esperança e é tônico para o sorriso, reconhecidamente o mais poderoso dos remédios. Se me perguntassem hoje o que é a vida, responderia tácito, entusiasmo. Tenho muito respeito por ele, quando me desespero procuro ganhar tempo para respirar e vasculhar a prateleira dos livros pouco lidos, a fim de reencontrá-lo. Um dia esqueci disto, ou ainda não sabia, sem bem me perceber passei a borracha no bloco de anotações vitais, justamente onde estava escrito entusiasmo e, sem fazer vento, morri.
Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
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