Meu problema é juntar coisas. Vivo a juntar mais do que de fato quero, desejo. Junto coisas, um catador de memórias provido de seu infinito rascunho e um oceano de tinta para canetas. E atulhado de coisas já não me vejo, nem ademais me reconheço. Junto inúmeras coisas. Depois jogo fora.
Muito mais do que havia é o que vai. As coisas jogadas fora, em cada novo agora, sempre parecem menos do que tudo que foi fora. Falta razão em pensar assim, mas esse é um sentimento e como tal só faz sentido desprovido de lógica. Fica pálido de sentidos o campo que estava cheio, nem força tem para ser árido. Deixei vazio.
Mas a vida me revela. Silente e fria no seu impassivo propósito de me refazer, a vida limpa a superfície do espelho que leva para o fundo do casulo onde estou. Dona de si, portanto diferente de mim, redesenha meu destino a seu tempo, seja um dia, hora, ano. Sem as coisas que havia juntado e jogado fora penso ser aquele que é sem espaço para coisas juntadas. Mas a vida persiste e me desengana, abre espaços. Pois é sempre esse sempre, quando estou vazio retorno a mim mesmo. Junto coisas.
Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
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