Dedo nas teclas
palavra espalhada.
Mãos na cabeça
vida ceifada.
Poder só de um
humanidade acabada.
Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
O portal e Perla
Perla perguntou se eu conhecia a dor, aquela que contou ter descoberto também nos que já sofrem a falta do mínimo para viver. Chamou de angústa existencial e disse que todos possuem, quero dizer, em alguns momentos são possuídos por ela. Mas o nosso ônibus amarelinho que pára até fora ponto, esse que dá ar fresco forçado para privilegiados, fez força para a direita e venceu a inércia da reta. Essa curva descobriu o mar de um lado e um paredão cinza cor de pedra do outro. Nos olhos dela, inundados de horizonte, vi o portal do morro das pedras me isolando da urbanidade. Chegados à nossa realidade paralela de paraíso, quis reviver o transe único do horizonte bebendo naqueles olhos. Assim é que descobri o quanto pode ser intensa a angústia. Ao chegar em casa, sem poder enxergar os dela, cerrei os meus.
domingo, 26 de dezembro de 2010
Tagarela
Sou dos parvos que não sabem o silêncio.
Amo e desgosto notadamente.
Já não quero saber explicar isso.
Sei como desgosto e quanto amo.
Sigo parvo e descabido.
Amo e desgosto notadamente.
Já não quero saber explicar isso.
Sei como desgosto e quanto amo.
Sigo parvo e descabido.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Bolsa de homem
Muitas vezes penso que sou um dos heterosexuais mais gays do meu tempo. Hoje vejo umm homem, comum, somente um homem, no mesmo espaço móvel em que estou. Ele carrega uma bolsa, dessas de se carregar pendurada por uma tira no colo. É velha e bem gasta. A minha é nova e não sinto inveja. Apenas gosto da bolsa dele, da calça xadrez, do jeito de ser comum. Não é feio nem bonito. É maior que eu. Comum, bem comum. Tudo que pensei ser de especial, caiu para minha terra. Nem cheguei a ser um homem comum ainda. Sou imaginação a mais, existência a menos. Estou bem com isso, com esse homem comum que vejo, que inquiro em minha mente. Quem olha para ele, além de mim? O que nele chama aquele ou aquela que olha? Será mais possível agora que eu me olhe melhor? Sei apenas que neste instante me vejo mais real, por olhar para o chão, voltado para mim, somado do ter visto o homem e a sua bolsa.
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