quarta-feira, 12 de junho de 2013

Por querer


Não consigo escrever poesias em dias óbvios.
Na prosa dos óbvios não há poética.
Na poesias, de óbvio, só o caráter de não sê-lo.
Não consigo sê-lo, poético, no sintético.

Assim devem seguir me varrendo a alma
O incerto, o profano, o eclético
Num perder diário sem socorro
Onde te amar é o cessar do hermético.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Divina humildade

E então aquela mulher espiritualmente evoluída, aquele ser que compreendeu e venceu o jogo da vida, o Samsara, olhou para seu hermético deus uno e trino, o que vive dentro de si, afinal o lugar perfeito que ela criou para que seu deus fosse luz. Enternecida com seu sofrimento e resiliência para atingir esse privilégio de ser tão humilde a ponto de prostrar-se de joelhos sobre uma simples almofada de veludo e não de uma ostensiva seda javanesa, seu coração elevado ao alto e certamente mais puro que todos esses outros corações sem o seu deus, talvez mesmo por falta de acesso, esses impuros com quem ela se vê obrigada a conviver e quase se contaminar diariamente, suspira e devotamente modesta agradece a sua luminosa e justa superioridade evolutiva. Depois manda a copeira servir o chá para as amigas que vieram lhe visitar a fim de saber mais sobre sua última viagem ao Tibet, onde adquiriu, mais por caridade que por gosto e, naturalmente por uma bagatela, algumas relíquias a fim de auxiliar artesãos muito pobres que construíram um templo muito simples, mas limpo, nos arredores do hotel seis estrelas que ela se hospedou por três semanas antes de se instalar por seis meses no mosteiro, o mais chique do Tibet, para exercitar o desprendimento material.

Inerências retóricas

escrito e dinâmico * A razão é a busca dela. Está sempre entre seu impulso e sua descoberta. ..............................