Ando cansado, muito. Não de hoje, mas especialmente nesses dias. Há muito sinto um peso agarrado aos ombros, como um punhado de braços que lançam mãos firmes e decididas a manter o peso como lastro. De cansado, querendo dizer o que mais seja verdade, quase não ando.
E é de ser que cansei. Não de ser o que sou, mas de não ser o que intimamente sou. E sou como muitos que nunca serão mais do que uma proposta ou promessa, então não é de prometidos que cansei. Há um mundo desencontrado que me faz cansar de ser. Um se saber não ser, um menos do que o porvir, talvez quase um devir, esse nem bem sim, nem bem não.
Quando abandonar essa Nau que não piloto, que não comando, que não levo a singrar as águas que miro, descansarei. Por certo que sim, descansarei inclusive de ser. A bandeirola da Nau é o que pesa nela, essa paradoxal bandeira pirata, avessa, livre, num mundo de fétidos piratas, avessos e sempre livres. Quero que a Nau, se eu não puder dela, me abandone.
Aos poucos, quando deixo de ser, dou movimento ao verbo abandonar. Quando ele for gerúndio começarei a sorrir um futuro que aceitará com maior afeição o projeto vida. Sem ser, sem lutas, sem bandeiras, sem esperas, sem cadeias.
Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
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