Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
O espelho entre parênteses
Você está velho.
Se é mulher ou homem, não importa. Está ou vai ficar lentamente gordo barrigudo ou magro tripa seca.
Isso significa que o tempo passou e te deixou de presente a idade. Você é biologicamente velho. Isso aconteceu quando você começou a negar que está velho. Aconteceria de qualquer forma. Provavelmente você está ou vai ficar fisicamente deformado e debilitado.
Isso também significa que viveu bastante. Mais do que o tempo em que o corpo jovem se recupera de tudo.
Você está velho.
E pode viver com vigor.
Pode viver sem ser um velho chato, egoísta, medíocre, tacanho, ridículo, covarde... se aceitar isso de estar velho como, apenas, uma limitação física e usar o tempo vivido não como um peso carregado, mas como uma força adquirida com o saber retirado da experiência de vida.
Você está velho, está vivo.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Você é meu verbo amar!
Quero encontrar no finito acordar
e em todas as manhãs que seguem o sol
o que súbito conheci
quando já aceitava viver com sonhos menores
Vigio cada noite como quem vela o sono,
desejando que sejam eternas no renascer diário
a alegria, a beleza, a paz de ser e estar vivo,
a vontade, a gentileza, a força de mover os sonhos,
a esperança, a delicadeza, a atenção dada a cada passo seguido,
a intangível grandeza que você me deu naquele dia,
levando-me para um novo significado e lugar,
quando sorriu uma face chamada amor
numa janela que se abria
tão indescritível e poética.
Quando minhas auroras terminarem
levando por fim os restos do que fui
encontrado o que conheci em ti
para quem permanecer com sonhos vivos
em que manhãs sejam poesia
meu ser será então imaterialmente vivo
relembrando a maravilha da tua eterna existência.
Poema inspirado num comentário para ela:
Quero encontrar em todas as manhãs, a alegria, a beleza, a paz, a vontade, a gentileza, a força, a esperança, a delicadeza, a atenção, a intangível grandeza que você me deu nesse dia, quando me sorriu uma face chamada amor tão indescritível e poética. Você é meu verbo amar!
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Abandonando o navio
Ando cansado, muito. Não de hoje, mas especialmente nesses dias. Há muito sinto um peso agarrado aos ombros, como um punhado de braços que lançam mãos firmes e decididas a manter o peso como lastro. De cansado, querendo dizer o que mais seja verdade, quase não ando.
E é de ser que cansei. Não de ser o que sou, mas de não ser o que intimamente sou. E sou como muitos que nunca serão mais do que uma proposta ou promessa, então não é de prometidos que cansei. Há um mundo desencontrado que me faz cansar de ser. Um se saber não ser, um menos do que o porvir, talvez quase um devir, esse nem bem sim, nem bem não.
Quando abandonar essa Nau que não piloto, que não comando, que não levo a singrar as águas que miro, descansarei. Por certo que sim, descansarei inclusive de ser. A bandeirola da Nau é o que pesa nela, essa paradoxal bandeira pirata, avessa, livre, num mundo de fétidos piratas, avessos e sempre livres. Quero que a Nau, se eu não puder dela, me abandone.
Aos poucos, quando deixo de ser, dou movimento ao verbo abandonar. Quando ele for gerúndio começarei a sorrir um futuro que aceitará com maior afeição o projeto vida. Sem ser, sem lutas, sem bandeiras, sem esperas, sem cadeias.
E é de ser que cansei. Não de ser o que sou, mas de não ser o que intimamente sou. E sou como muitos que nunca serão mais do que uma proposta ou promessa, então não é de prometidos que cansei. Há um mundo desencontrado que me faz cansar de ser. Um se saber não ser, um menos do que o porvir, talvez quase um devir, esse nem bem sim, nem bem não.
Quando abandonar essa Nau que não piloto, que não comando, que não levo a singrar as águas que miro, descansarei. Por certo que sim, descansarei inclusive de ser. A bandeirola da Nau é o que pesa nela, essa paradoxal bandeira pirata, avessa, livre, num mundo de fétidos piratas, avessos e sempre livres. Quero que a Nau, se eu não puder dela, me abandone.
Aos poucos, quando deixo de ser, dou movimento ao verbo abandonar. Quando ele for gerúndio começarei a sorrir um futuro que aceitará com maior afeição o projeto vida. Sem ser, sem lutas, sem bandeiras, sem esperas, sem cadeias.
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