Nos trejeitos que se propunham alguns, esparsos e insistentes, a fazer vênias e mesuras para maior facilidade das mulheres, vê-se agora um tanto de enfado. Cruzar a rua um pouco a frente dando resguardo a mulher, frágil ou não, acompanhando-se ou se fazendo acompanhar, já não é sinal de cuidado e, antes, é sinal de machismo. Enfim elas se sabem tão ou mais fortes que nós. Caminhar guardando a beira da rua para si, onde há mais perigo, onde respinga mais água, onde há mais fumaça e poeira, já passou de ser bem visto. E olha que a roupa do homem é mais fácil de lavar. Somos iguais, afinal. Subir pela escada um degrau para trás e descer um degrau adiantado, apoiando e protegendo quem tem vida mais difícil no caminhar pelo salto alto é um falar já quase esdrúxulo Mas também haveremos de convir que agir assim pode ser uma tentativa maquiada de inferiorização da ala feminina, tudo pode ser maquiagem.
O tempo e o espaço de hoje compõem uma atmosfera diferente do que se via há trinta anos e em outro ecossistema. E esse movimento individualizante da autossuficiência e equiparação de forças encontra eco e apoio por todo o lado. Com mais frequência mesmo é no comércio mais capitalista. Porém, senão consumidores, somos o quê? Aliás este sistema de comércio usufrui o melhor da igualdade. É rápido, prático e suficientemente substituível produzindo tudo o que falta para garantia da independência tão almejada.
Enrijecidos pela insuficiência, fragilizados pela ignorância, continuamos pensando nessa incompreensão da equiparação entre os sexos. Aí dá vontade é de comprar uma boneca inflável. Pena que esta tem aparência fria e falta de mudanças de humor, um ingrediente que de alguma forma dá folga a rotina. Os homens vindouros que melhorem a tecnologia se quiserem essa via.
Já para quem na moeda não é mais cara, se houvesse algum cursinho para modernização de indivíduos mal acostumados a ritos de gentileza ou, de repente, alguma professora paciente...