segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O romântico obsoleto

É um que perdeu a serventia. Elas já se cansaram de ornar janelas. Nem adianta dedicar isto de 'espere por mim morena, espere que eu chego já'… Morena esperando é que não há e morena que se proponha a esperar não haverá tão cedo.
Nos trejeitos que se propunham alguns, esparsos e insistentes, a fazer vênias e mesuras para maior facilidade das mulheres, vê-se agora um tanto de enfado. Cruzar a rua um pouco a frente dando resguardo a mulher, frágil ou não, acompanhando-se ou se fazendo acompanhar, já não é sinal de cuidado e, antes, é sinal de machismo. Enfim elas se sabem tão ou mais fortes que nós. Caminhar guardando a beira da rua para si, onde há mais perigo, onde respinga mais água, onde há mais fumaça e poeira, já passou de ser bem visto. E olha que a roupa do homem é mais fácil de lavar. Somos iguais, afinal. Subir pela escada um degrau para trás e descer um degrau adiantado, apoiando e protegendo quem tem vida mais difícil no caminhar pelo salto alto é um falar já quase esdrúxulo  Mas também haveremos de convir que agir assim pode ser uma tentativa maquiada de inferiorização da ala feminina, tudo pode ser maquiagem.
O tempo e o espaço de hoje compõem uma atmosfera diferente do que se via há trinta anos e em outro ecossistema. E esse movimento individualizante da autossuficiência e equiparação de forças encontra eco e apoio por todo o lado. Com mais frequência mesmo é no comércio mais capitalista. Porém, senão consumidores, somos o quê? Aliás este sistema de comércio usufrui o melhor da igualdade. É rápido, prático e suficientemente substituível produzindo tudo o que falta para garantia da independência tão almejada.
Enrijecidos pela insuficiência, fragilizados pela ignorância, continuamos pensando nessa incompreensão da equiparação entre os sexos. Aí dá vontade é de comprar uma boneca inflável. Pena que esta tem aparência fria e falta de mudanças de humor, um ingrediente que de alguma forma dá folga a rotina. Os homens vindouros que melhorem a tecnologia se quiserem essa via.
Já para quem na moeda não é mais cara, se houvesse algum cursinho para modernização de indivíduos mal acostumados a ritos de gentileza ou, de repente, alguma professora paciente...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sisal com fio encerado colorido


Estou publicando novamente estes artigos no blog porque muitas pessoas procuram para conhecer e também fazer suas corujas em macramé.

Desconsiderem os valores, até porque no momento não estou produzindo macramé.


Coruja 46 mt com cores (12)
Coruja 46 mt com cores (16)Esta peça em Sisal colorida com Fio Encerado, consumiu 11:30 horas, o que é esporádico, pois se trata de uma encomenda. Essa coruja está agora em Ibirubá, com meu amigo Geferson, um colorado até a raiz do cabelo, por isso do fio vermelho incrustrado no sisal. Peça única.

A dimensão total da peça é de 40 cm X 18 cm, medidos entre a cabeça e o início do rabo. Medindo deste o cordão superior, usado para pendurar na parede, até o final do rabo, temos 68 cm na altura. Este trabalho recebe o valor de 110,00 reais.

Coruja 46 mt com cores (15)As peças em Sisal (essas corujas aqui) levam por padrão quarenta e seis metros de corda.

Coruja 46 mt com cores (13)A confecção destas peças consome entre 5:30 e 7:30 horas. Elas medem em média 40 centímetros de corpo mais entre 15 e 20 de rabo. O seu valor é de 80,00 reais por peça. Aqui pode-se ver alguns exemplos deste trabalho em outra postagem do blog intitulada ‘Sisal também dá coruja’.
ps: lembrar sempre que há mais o custo de envio, caso você deseje receber a peça em sua casa. O serviço PAC dos Correios acresce o valor geralmente entre 10,00 e 15,00 reais, dentro do Brasil é claro.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Às vezes simplesmente fico triste.

Às vezes simplesmente fico triste. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Momentos tristes são recorrentes na vida de qualquer um, fazem parte do caminho. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Ficar um tempinho triste pode até ensinar, provocar reflexões, até encontrei onde estava a alegria em algumas dessas passagens. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Lá fora da casa haviam pessoas, ainda que houvesse dentro da casa alguém triste, e elas se cumprimentavam, existia vida e relacionamentos com alguma intimidade, dificilmente muito distantes. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Agora estar triste é quase sempre estar só, lá fora existem indivíduos cuidando de si. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Dizem que isso de ficar triste é coisa de existencialista, penso que é coisa de quem de fato existe. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Se fosse possível passaria menos tempo triste, mas não temeria por esses momentos. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Quando não vejo mudança na minha geração, sonho que os novos façam um pouco como faziam os velhos, que também ficavam tristes, mas muitos deles, não apenas alguns, ouviam a vida e seguiam. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.
Às vezes simplesmente fico triste. Havia um tempo em que nem era tão difícil passar por esses momentos, nem tão necessário ultrapassar eles.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Interseção


Hoje desejo sinceramente um dia de paz para todos. É comum pensarmos na finitude em dias assim, mesmo que não seja tão comum como tempos atrás em que os preceitos religiosos eram, infelizmente, menos plurais. Celebrar e chorar são apenas, creio, duas faces de uma mesma moeda chamada saudade. São portanto duas formas equivalentes de manisfestarmos as lembranças e que apenas se adaptam melhor para um e não no outro. Alguns até fazem as duas coisas juntos e vale também.
Mas o que é esse finito? Será o momento em que uma linha de vida se interrompe? Me parece que não. O intervalo entre o início do risco e a interseção dele é que deve ser esse finito. Portanto, agora prefiro pensar nesse espaço que alguns já não preenchem e que persiste em minha memória. Para cada lembrado levo hoje a memória finita não da interseção, mas da linha chamada vida.

Inerências retóricas

escrito e dinâmico * A razão é a busca dela. Está sempre entre seu impulso e sua descoberta. ..............................