quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Existe!?

É possível seja certo e dispenso esforço,
fosse de outra maneira meu saber assim não seria.
Cada tempo vivido mostrou momentos com sonho,
ninho, alimento e esperança no afã de conhecer a face deste clamor.
Buscando passo na vontade de caminhar
fiz parada em mãos suaves e seios de vida e brilho.
Conto seguir pelo que creio exista.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Confissão

do Ariano Suassuna, na peça ‘O Auto da Compadecida’…

“…posso lhe confessar que, desde que lhe conheço, vivo doido pra morrer e só não morro porque vivo pensando na senhora…”

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É possível que este tipo de entrega seja mesmo um artigo amarelado, largado n’algum depósito de obsolescências, visto como arcaico; pode que esteja em desuso, faça menos sentido a cada avanço humano consigo mesmo.

É possível também que um desembaraçar-se de si, neste tamanho, ainda traga mais do que sofrer; aparece alguma ponta por aí, e ela vende um sonho.

Vou guardando estas epopéias, mas faço guarda delas em gavetas próximas da mão, ainda estão longe, em mim, de irem para o porão.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Olhos de amêndoas

é… ontem já passou
ontem sim
mas hoje te vi aqui
o que escrevi ontem tá lá
grudado no tempo
o de hoje tá aqui
colado na retina
vai dia
vem ano
uma hora destas
os tempos todos se encontram
e ontem vira agora
junto com o hoje

que seja outro discurso de espera, por ser mais do que discurso

…assim a decisão, esta que dispara como interrogação do teu olhar para o meu, neste momento que já nos fizemos tão distantes, esta segue como são todas as grandes, generalizando aquilo que vemos naqueles que como nós, se afligem. Tenha em ti apenas que, certo como as outras que são de todos, esta que aqui está também possui em si, para que surta efeito o decidido, um porção de portões pesados, pontes elevadiças, caminhos sem ladrilhos, espinhos recurvados para que se evite ou ultrapasse. Difere para teu intento, se decidir seguir nesta direção, o trabalho que tenho me esforçado em te deixar pronto, e que faço sem cobro abrindo-te os portões, baixando as pontes, emparelhando caminhos e colhendo espinhos. Mesmo sem avistar tua figura no caminho, saúdo todos os dias a réstia de sol que teima iluminar esta trilha que mais me leva do que te traz. Se quiseres lutas homéricas, se isto te apraz, diga-me e devolvo cada um dos obstáculos, conforme te soar melhor. Caso contrário te restam, das pequenas portas que ainda se fecham, apenas as taramelas e uma ou outra chave que pedindo dou-te uma a uma. Ainda que pareçam barreiras ou obstáculos de valorização, estas últimas passagens estão aqui apenas para dar graça a tua chegada. Espero mesmo que venhas, onde quer que estejas.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hipócritas!?

Onde estão eles?
Serão um bando inútil de canalhas que vivem do que cobram pela desgraça? Fosse pela fortuna dos que se curam e não estariam escondidos.
Fazem cobro espúrio e individual pela ‘vida’ de um moribundo e por isso lhes cheira melhor a pandemia? Fosse pela condição de trabalhar melhor e adquirir mais ciência e as casas próprias não teriam mais pompa e circunstância que os hospitais.
Têm eles que fugir da praça onde deveriam montar bancada de exames e bradar com viva-voz orientações à população sobre esta, mais esta, doença infame? Fosse pelo risco do contágio e teriam eles desenvolvido meios de se previnir, medicar, cuidar, mas não de fugir.
Médicos são comerciantes? Fosse de outra forma haveria primeiro a necessidade humana de condição digna e a contrapartida de se formarem primordialmente em faculdades públicas onde a população paga adiantado a formação do ‘doutor’.Imaginem se bombeiros se recusassem a apagar fogo de prédio ou nadar em água de enchente.
Covardes!? Aldrabões!?

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Einsteineidades

…e ao sentir o eco do que passava silente na memória, quando revivi algumas turbulências, percebi que à vista e colorida havia ficado intocável há tempo e noutro lugar... e lembrava cheiros que um dia colaram cantos subcutâneos... e assim soube que a lembrança é sinal de que algum andar em frente me deixou com a mão distante dos cabelos que já pentearam meus dedos... e tentando sintonizar meus sentidos caminho até o chuveiro... e me entregarei ao banho que agora deixará o corpo sem manchas, sem marcas, sem cheiros e gostos que não sejam aqueles que dos sonhos nascem... e estarei alguns minutos fora do espaço e dentro do tempo… e em ambos os tempos.

sábado, 1 de agosto de 2009

colorido ‘ma non tropo’

Subi a trilha que levava ao buraco enorme no chão de pedra e mato. Um buraco enorme no cimo de um morro é mesmo grande. A maneira mais fácil que encontrei de subir um morro sem ter problemas com a altura.

Lá embaixo do morro, no lugar mais fundo do buraco e quase tão escuro como um quarto sem janelas, vi minha sombra. Sem luz para iluminar as paredes o que vi foi meu contorno parecer sombra.

Sentei diante de mim mesmo refletido e colorido em tons de cinza. Tons que se formaram pelos inúmeros pontos de luz para trás dos meus olhos. Luz apagando e reforçando diferentes espaços da minha sombra.

Sorri as cores branca do céu do buraco e negra do abaixo de meus pés. Saí do buraco e voltei para a mesma altura no sopé do morro. As cores, enfim, sempre estiveram nos meus olhos.

Inerências retóricas

escrito e dinâmico * A razão é a busca dela. Está sempre entre seu impulso e sua descoberta. ..............................