sábado, 27 de dezembro de 2008

ciclo completo e água no máximo = contemplação e alegria

adoro máquinas de lavar. perfeitas alvejadoras de alma e momento. destaque honoris causa para aquelas que lavam roupas. parabéns aos acrílicos menos que aos antigos vidros que me deram janelas para acompanhar o préstimo da tecnologia em pleno movimento e que são mais resistentes a opacidade herdada no tempo.
talvez esta lúgubre faina de fazer um trabalho sem quase nada pelas mãos ser feito acalme meu humano poder de destituir de labuta quem nela se encontre sobrevivente. pode também que ali se apresente um tanto da minh'alma a sentir sua existência massageada no falacioso desimpregnar-se do pó que a estrada de viver impõem.
uma rotatória caminhada faz o tecido cheio de recortes e emendas. ele que me revestia a pele e agora se entrega ao bater que não dói da persistente mecânica. um rotativo olhar segue a água a procura de vestígios de outra pele. a flexão imprópria de se ver um na máquina faz a soma para o seguimento no atenuante perceber que a repetição e a ciclicidade buscarão outras peças para enrolar mangas e colarinhos nesta ou noutra máquina unificadora de suores e dissipadora de manchas.
sonho que este constante bater um dia não signifique somente um tanto apanhar. creio que o esfrega compassado das pás que agitam minha cabeça junto com as roupas faz mais que aturdir minhas idéias. construo a cada lavagem a vontade de servir como camisa mais que ser servido como água de passagem.
por ser água o agente principal destas lavadeiras eu me sinto acolhido. se está longe de ser um ventre está perto de ser um dinâmico viver. só faltam as peças outras para que as peças minhas assanhem meus sonhos.

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Inerências retóricas

escrito e dinâmico * A razão é a busca dela. Está sempre entre seu impulso e sua descoberta. ..............................