Nesse tamanho que tenho ao peito
frente ao mundo que me veste
sinto o sonho de preencher quereres
além do que me consterna
Nesse caminhar lento de onde venho
a cada dia venço um teste
quando aceito receber dos passos dados
menos do que alcançou a perna
Nesse viver que amanhã intento
por ter no peito esse tamanho
darei hoje mais um passo para o sonho
mesmo aquém do que a boca encerra
Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
sábado, 17 de agosto de 2013
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Distribuindo riquezas
A manhã havia começado há pouco, poucos carros estacionados no centro da cidade, cidade ainda com cara de pacata. Quis chegar ao escritório central bem cedo, queria sair bem cedo. A lancha recém adquirida no último salão náutico estava pronta para o batismo no mar. Nem bem avistei o prédio da empresa, ainda muitos quarteirões da vaga particularmente reservada a diretoria, o Jaguar simplesmente parou. Uma pane. Se fosse na hora do rush encontraria um inferno de buzinas lá fora. Chovia tão intensamente quanto falsas cuecas inocentes numa sessão de julgamento do mensalão. Pude deixar que o carro seguisse sem marcha pelo declive até encontrar espaço, a essas horas abundante, na beira da calçada.
O socorro do seguro avisou que socorrer mesmo, só mais tarde. Olhei e vi uma pequena porta aberta, aberta mas fechada, só não estava trancada e eu sabia que estava aberta porque era de vidro e havia luz acessa dentro, com gente. Quem trabalha cedo assim merece receber sua cota de riqueza, cota de riqueza que tenho para distribuir. A troco de dar pensei no que receber, um café. Desci, me molhei na água da chuva, chuva abundante. Molhado entrei no café e pedi um, sem açúcar, sem leite, grande. Bebi o café e comi bolo, um pedaço grande dele. Carro pifado, chovendo, num café pequeno, simples, pobre. A chuva não sabia de nós, em si mesma apenas chovia. O casaco que ficou no carro também não sabia de mim, eu que com o desconforto do frio, de leve, tremia. A blusa fina estampa e leve que trouxe no corpo estava úmida, fria. O balcão, indiretamente pelo café, diretamente pela cafeteira e sua caldeira, protegia um pouco do frio de fora quem estivesse por dentro. O casaco dela servia menos a ela do que alguém de fora. Sua riqueza no dia frio era, também, o calor.
Ela tão pobre. Eu tão rico. Por fim despi minha riqueza. Já um tanto aquecido pelo café descobri ser ela quem distribuía. Deu-me o calor.
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