quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O peixe morre pelo mosquito

A glândula exposta na boca aberta
O anzol enroscou na glândula
O fio no anzol enrolado
O caniço emenda o fio
O anzol do fio do caniço
A boca aberta puxou a glândula

Aberta a boca
Solto o caniço
Enrolado o fio
Preso o anzol
Exposta a glândula
Fechada a boca

sábado, 18 de outubro de 2008

Existe vida sob a casca

A lâmina de cada gota d'água

Em seu ritmo desenfreado de chuva

Retira lascas de pêlos encravados

Inflamados na pele

Me fecho para urrar

Em estanque pensamento

Retirando nacos de alegria

Gravados na alma

Pudera ser granizo

Quebrando minha cobertura

Fina como a possibilidade de aceite

Na entrada da primavera

O sentido de não haver sentido

Faz seguir o encravo dos pêlos

Aceitar a falta do telhado

Querer a proposta de seremos

Desnudo o que há para além da epiderme

Escarafuncho por debaixo do músculo

Reviro o interior deste bumbo

Ressonante em meu peito

Preciso de remédio

Quero tratamento

Busco minha terapia

Caminho para o mar

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Distraído

Por vezes faço caminho na inércia
sigo o brilho do escuro
tenho trauma dos mapas
encontro o que não procuro
acendo o candeeiro com água
cozinho na geladeira
visito a mim mesmo
guardo um bolso vazio
minto que não amo.
São vezes em que sou real.

Inerências retóricas

escrito e dinâmico * A razão é a busca dela. Está sempre entre seu impulso e sua descoberta. ..............................