Disse-me um dia meu avô Adil Alves Malheiros, que a arte é nosso ofício no Céu.
Quando um Brasil, não o país, não os homens, não as mulheres, não quem estava a favor nem tampouco os malucos inconformados do contra agitadores reacionários, mas sim um Brasil indivíduo, viveu o mando de alguns filhos de uma grande puta chamada ditadura, meu avô viveu seu sítio sitiado. Alguns anos andados e nós os infantes, experimentávamos a ditadura sem saber-lhe os interesses e conceitos. Netos recebem contos de gerações das suas famílias e comem aqueles que mais lhes aprouve ou mais lhes transpassa a carne ou que lhes deixa sinal evidente na pele. Este cerco opressor ao meu lugar da vida de infância que fisicamente era propriedade de meu avô tornou-se meu ferro quente.
Fronte em riste para dizer poesia, tez serena e olhos esbugalhados para contar assombros, faziam dele em meu imaginário, difícil de adivinhar. Da casa grande onde ele vivia e eu bebia parte da construção das minhas primeiras ideologias, melhor lhe tingia a aura um anexo simples em tábuas com mata juntas com chão em piso queimado, que me remetiam a intuir uma casa antes sida, pois mantiveram ou construíram, conforme o caso, duas paredes em L. A cor foi sempre para mim o azul.
Quis o dia que ele estivesse ajeitado em uma cadeira não reta, tampouco muito espraiada, para contar ao eu antes de agora sobre o que faríamos quando saídos desta para a outra vida.
Neste ponto uma licença: Se para o de comum aceito se crê melhor que aqui estamos na vida e esta finda com a morte então não vale a fala de meu avô, se para a crença de cada um renascemos ou não em outra vida terrena ou divina talvez não valha a pena dar atenção a tão inocente anotação de neto. Talvez me convença um dia a idéia de que estamos mortos a sonhar até o dia que não mais resista o imã da morte e nasçamos para o que em verdade será a vida e daí o que me disse o avô haverá de ser urgente.
Tornando.
Por líquido material real palpável me disse o avô que no Céu tudo é alegre. Uns cantam, outros tocam, uns compõem histórias, outros contam, tornando assim o paraíso digno do nome.
Acontece que este avô difícil de adivinhar concluiu a prosa monológica imprimindo a sua assertiva de que não nos é certa a permanência no Céu pela correção na Terra. O andar correto por aqui apenas nos abre os portões do Éden. Para lá permanecer, ele assim o determinou, faz-se necessário o proveito na manutenção da alegria.
Cadê meu violão...
Aqui está o tergiversar ininterrupto que os intervalos empurram dos meus silêncios para este caderno não-papel.
sábado, 21 de junho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
Pé por pé...
Num compromisso de anos assumido
Em que viajar é o sentido de ser procura
Procurei minhas forças deixadas pra trás
Num quarto de máquinas e remédios
Passaram tantos dias quase vazios
Que somaram duas semanas quase vazias
E preencheu-se a segunda semana
De uma ferida na bunda
Quero levantar vôo
Quero tocar outros campos
Quero andar livre e em cima de minhas pernas
A voz do amigo ecoa em meu ouvido:
Primeiro cura a bunda
Depois encilha o cavalo
Em que viajar é o sentido de ser procura
Procurei minhas forças deixadas pra trás

Num quarto de máquinas e remédios
Passaram tantos dias quase vazios
Que somaram duas semanas quase vazias
E preencheu-se a segunda semana
De uma ferida na bunda
Quero levantar vôo
Quero tocar outros campos
Quero andar livre e em cima de minhas pernas
A voz do amigo ecoa em meu ouvido:
Primeiro cura a bunda
Depois encilha o cavalo
sábado, 7 de junho de 2008
Sábado é um dia...
Um somado de dias
Juntados num sábado
Recriado sem choque
Recriado sem susto
Sem cama de aparo
Sem frio de laboratório
Com passos ao lado
Com passos ao largo
Juntados num sábado
Que porque triste
Que porque vivo
Vazio do eu outro
Vazio de outro eu
Diminuido na solidão
Diminuido nas dúvidas
Sobre ele é sempre
Sábado é um dia...
Juntados num sábado
Recriado sem choque
Recriado sem susto
Sem cama de aparo
Sem frio de laboratório
Com passos ao lado
Com passos ao largo
Juntados num sábado
Que porque triste
Que porque vivo
Vazio do eu outro
Vazio de outro eu
Diminuido na solidão
Diminuido nas dúvidas
Sobre ele é sempre
Sábado é um dia...
terça-feira, 3 de junho de 2008
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